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sábado, 25 de dezembro de 2010

Capítulo 07




"I've tried so hard to find you but you were never there..."




A noite estava linda. A família Hanson inteira estava sentada diante da árvore de natal. Zac e Kate estavam abraçados, aninhando no colo o bebê que havia acabado de nascer. Isaac e Nikki faziam pose para Avery, irmã dos garotos, que se preocupava em registrar todos os detalhes da cena com sua câmera. Os outros irmãos jogavam banco imobiliário com Natalie, enquanto as crianças brincavam, correndo pela casa. Apenas Taylor parecia estar alheio ao clima festivo e animado que tomava conta da família. Estava sentado no sofá distraidamente, encarando a lareira, a conversa com Caroline ainda em sua cabeça. Mal reparou quando Diana sentou-se ao seu lado, pousando uma bandeja de biscoitos à sua frente.
- Como você está, querido? - Perguntou ela docilmente, os olhos cautelosos observando o filho.
- Por que as pessoas não param de me perguntar isso? - Retrucou Taylor, sorrindo de leve.
- Todos sabemos que foi um mês complicado para você. - Falou a mãe, ajeitando os cabelos do rapaz, como costumava fazer quando ele ainda era um garoto.
- E como foi... acho que para todos nós... aposto que vocês estão desapontados comigo. - Comentou Taylor sombriamente, lançando um olhar ao pai, que não havia conversado com ele o dia inteiro.
- Filho, não se preocupe, você conhece o seu pai. Logo ele esquece isso. Não estamos aqui para julgar ninguém, hoje é véspera de Natal. - Disse ela sorridente, colocando uns doze biscoitos sobre um prato e entregando-o à Taylor. - Tente aproveitar. - Completou, voltando para a cozinha.
- Ei, cara. - Berrou Zac, ocupando o lugar da mãe no sofá no momento em que ela se levantara. - Como está indo aí?
- Estou ótimo. - Falou Taylor de mau humor.
- Eu e a Kate estávamos discutindo sobre o nome da bebê... acredita que exceto nossa família, ninguém pareceu gostar muito? - Aparentemente, ele não percebia que Taylor não estava em clima para conversas.
- Claro que não... vocês sacanearam com a garota escolhendo esse nome.
- Qual é Tay. Não é muito pior do que Viggo.
- Shh! - Fez Taylor, apontando Natalie que estava sentada há poucos passos dali.
- Mas e vocês? Já escolheram um nome? - Perguntou Zac.
- Não tivemos tempo de discutir isso ainda... - Respondeu ele, cabisbaixo.
Zac encarou o irmão, finalmente percebendo seu desânimo.
- Ainda está preocupado com a brasileira? Cara, foi melhor assim... um dia nós vamos lembrar disso tudo que aconteceu e daremos boas risadas. - Taylor balançou a cabeça, com ar de descrença.
- Duvido que algum dia eu vá rir disso... você não entende, Zac... mas tudo bem, o que está feito está feito. Vou tentar superar. - Murmurou, ensaiando um sorriso.
- Assim é que se diz. - Zac estava animado demais para se preocupar o suficiente. Se afastou para brincar um pouco com as crianças, enquanto Natalie se aproximava. Tudo que Taylor queria era ficar sozinho alguns minutos, mas ao que tudo indicava, aquilo não seria possível. Ela sentou junto ao marido, apoiando a cabeça em seu ombro.
- Estou feliz que tenha tudo se resolvido. - Disse ela, aconchegando-se a ele e fechando os olhos, cansada.
- Eu também. - Ele respondeu, automaticamente. - Senti a sua falta.
- Que bom ouvir isso. - Ela sorriu, olhando carinhosamente para Taylor. Ele foi poupado de responder, pois Walker se aproximava naquele momento, bradando em voz alta.
- Crianças, todo mundo para a cama! O papai Noel vai passar daqui a pouco, e ele só vai descer aqui se todos nós estivermos dormindo.
Um movimento começou na pequena sala. As crianças lentamente se dirigiam aos seus respectivos pais, algumas comendo biscoitos, todas reclamando baixinho por precisarem parar com as brincadeiras.
Taylor e Natalie levaram os filhos até o quarto destinado à eles. Continuavam empolgados com a perspectiva do papai Noel aparecer, embora estivessem bem sonolentos.
- Papai, quero ver o Noel. Vou ficar acordado. - Disse River, enquanto Taylor o cobria.
- Não pode, filho. - Falou Natalie distraída, do outro lado do quarto. - Se estiver acordado o papai Noel não vem aqui.
- Mentira, Riv... ele vem sim. - Cochichou Taylor para o filho, rindo de leve, sabendo que o garoto não aguentaria ficar muito tempo com os olhos abertos, de qualquer forma. River pareceu mais satisfeito com essa resposta.
- Que bom... eu te amo papai... senti saudades... - Murmurou o pequeno, esfregando os olhos, caindo no sono logo em seguida. Taylor se afastou das crianças, com um aperto horrível no coração.

*****


Ele sabia exatamente onde estava. Há muito tempo não visitava aquele lugar, e agora que estava ali, parecia que o tempo nunca havia passado. Taylor estava no meio de uma enorme colina florida. Percebia que tudo estava exatamente como da última vez; as flores em tons de rosa ainda balançavam suavemente, embora não houvesse vento, e ele podia escutar o barulho do mar ao longe, embora não pudesse vê-lo. "Por que é que eu nunca mais vim aqui? " Pensava ele consigo, caminhando em meio ao campo tão conhecido, ouvindo o chapinhar de seus passos na terra úmida.
Taylor avistou uma enorme árvore do outro lado da colina. Lembrava-se dela também. Dirigiu-se até lá, e apesar de estar há alguns quilômetros de distância, chegou em poucos segundos. Isso não o surpreendeu. Ele encarou a árvore, passando a mão com delicadeza em seu casco.
- Há quanto tempo não venho aqui mesmo? - Perguntou ele à árvore, sem se preocupar. Afinal, estava sozinho. - Senti tanta falta desse lugar...
Uma risadinha cortou o seu monólogo, e Taylor notou assustado que havia mais alguém ali. Contornou a árvore, se deparando com uma garota. Estava de costas para ele, observando o horizonte.
- Por que está rindo? - Perguntou ele zangado.
- Porque você estava falando com a árvore. - Ela respondeu, sem se virar. Taylor balançou a cabeça, confuso. Aquilo estava ficando estranho, meio surreal.
- Quem é você e o que faz aqui? Esse é o meu lugar.
- Nosso lugar. - Corrigiu ela. - Não se lembra mais de mim? - Perguntou, e ele percebeu um tom de mágoa em sua voz. - Agora que finalmente voltou para me visitar... achei que fosse se lembrar.
Ele encarou as costas da garota, forçando sua memória. Estava hipnotizado pelo movimento suave dos cabelos dela, que acompanhava um vento inexistente. Repentinamente, ele se lembrou. Já a vira ali muitas vezes; quando criança, quando adolescente... ela sempre fizera parte daquela paisagem.
- Desculpe. - Murmurou ele, se aproximando e abraçando-a por trás. O perfume familiar da mulher inebriou os seus sentidos.
- Por que nunca mais veio me ver? Tenho saudades de você. - Disse ela em tom choroso.
- Eu me casei... não pude mais vir aqui... você devia ter vindo até mim, fiquei te esperando todos esses anos...
Em algum lugar da sua mente, Taylor sabia que aquela conversa não fazia o menor sentido. Mas era tão natural que ele não conseguiu se importar com isso naquele momento.
- Eu fui. Você é que não quis me enxergar. - Respondeu ela, virando para ele com um sorriso. O coração de Taylor parou por um momento, ao finalmente ver o rosto da mulher que abraçava.
- Você... Carol...? O que está fazendo aqui? - Indagou assustado, afastando-se dela. Ela franziu a testa sem entender.
- Qual é o problema, Taylor?
- Caroline?
- Sim, sou eu... o que foi? - Perguntou ela preocupada. Um raio cortou o céu, no momento em que grossos pingos de chuva começaram a cair.
- Meu Deus... é você... é você! - Berrou ele, correndo para longe dela. A chuva apertou, mas, enquanto corria, ele ainda podia escutá-la chamando-o.
- Taylor! Volte, Taylor!
- NÃO! Não pode ser, saia da minha cabeça!
- Taylor! Taylor!
- Não!
- Taylor!
Ele abriu os olhos assustado. O suor grudava suas costas na cama e a luz demasiadamente clara do quarto machucava seus olhos. O rosto de Natalie aos poucos entrou em foco.
- Taylor! - Ela gritava, olhando preocupada para o marido. - Você está bem?

*****


- Que houve? - Perguntou ele abobado.
- Acho que você teve um pesadelo, meu amor. Estava falando sozinho e gritando. - Falou Natalie, debruçada sobre o marido.
Taylor não respondeu. As imagens em sua mente se dissipavam devagar, mas o rosto de Caroline permanecia. Ele tremeu.
- Taylor, querido, tudo bem? - Perguntou Natalie.
- Com licença. - Ele a empurrou com leveza para o lado, se levantando e disparando para fora do quarto. Correu pela casa, até encontrar o quarto que desejava.
- Ike! Ike! - Berrou, dando socos na porta. Podia ouvir algumas pessoas resmungando nos outros cômodos.
- Isaac! Abre essa porta! - Gritava ele. Natalie se aproximou correndo pelo corredor, enrolada em seu robe.
- Taylor, o que está haven...
- Volte para lá Nat, preciso conversar com ele.
Nikki abriu a porta, sonolenta. Olhou feio para o cunhado.
- Taylor, ele está dormindo.
- Preciso falar com ele Nikki, por favor. - Disse Taylor, entrando no quarto sem esperar por um convite. Ela olhou estarrecida para ele, virando-se em seguida para a outra esposa.
- Bom, vou estar no quarto, me chamem se precisar. - Disse Natalie, saindo dali antes que sobrasse para ela. Nesse meio tempo, Taylor empurrava o irmão, que se recusava a sair da cama.
- Por favor Ike, preciso conversar...
- Sai daqui, imbecil, quero dormir. - Resmungava ele, cobrindo o rosto com o travesseiro.
- Taylor, por favor... - Pediu Nikki, tentando ser educada.
- Não se intrometa, beleza? - Falou Taylor com ódio. Isaac se levantou naquele momento, os olhos faiscando de raiva. Não suportava ver alguém sendo grosso com sua esposa.
- É bom que você tenha um ótimo motivo para fazer isso...- Sibilou ele para o irmão. Em seguida olhou para a mulher. - Eu já volto, querida.
- Desculpe Nikki. - Murmurou Taylor, puxando Isaac para fora do quarto. Correu ansioso para a sala, Isaac em seus calcanhares.
- O que deu em você, hein? - Perguntou o mais velho, olhando para Taylor como se ele tivesse algum problema mental.
- Preciso conversar com você. - Respondeu ele, fechando a porta da sala para ter certeza de que não seriam ouvidos. Em seguida dirigiu-se ao sofá, gesticulando para que o irmão o acompanhasse. Isaac também se sentou, coçando os olhos.
- Você se lembra de quando escrevemos Dream Girl? - Perguntou Taylor, ansioso.
- Aham...
- Se lembra do motivo?
- Hum...
- Ike!
- Ah, ok. - Murmurou Isaac, tentando se concentrar. - Eu me lembro... você se baseou em um sonho... não é?
- Sim, eu fiz a música para a garota que aparecia em meus sonhos. Lembra? Eu contei para você sobre isso na época, que eu sempre sonhava com essa mesma garota, nesse mesmo campo de flores...
- Onde quer chegar, Taylor? - Cortou o irmão.
- Há anos eu não sonhava mais com isso... provavelmente desde que me casei... mas hoje, por algum motivo, sonhei de novo, e adivinha? - Ele falava pausadamente, fazendo suspense.
- Hãn...?
- Era a Caroline, Ike! A garota com quem eu sonhei a minha vida inteira! Sempre foi ela!
Um silêncio se abateu sobre ambos. Era possível apenas escutar Zac roncando no quarto mais próximo.
- Tay... - Começou Isaac bondosamente.
- Não me diga que estou louco, ok?
- Não era isso que eu ia dizer... mas... você não acha que devido às circunstâncias... você possa ter, digamos, desejado que ela aparecesse? Quero dizer, é apenas um sonho...
- Não é. - Taylor balançou a cabeça. - Eu estava com medo de que você fosse pensar assim... Ike, quando eu a conheci eu disse à ela que já a havia visto em algum lugar... me lembro claramente disso, e fiquei espantado quando ela disse que nunca tinha ido a nenhum show.... é daí que eu a conheço... desde que sou criança a vejo em meus sonhos.
Isaac arregalava os olhos para o irmão. Passou as mãos pelos cabelos, se concentrando.
- Ok... Taylor... sejamos sensatos aqui... - Disse ele, suspirando baixo. - Pense... quando você era criança, ela também era... ela é mais nova que você, estou certo? Como ela pode ser a mulher com a qual você sonhava? Você estaria prevendo o futuro, sabe, pois estaria vendo como ela seria quando crescesse... ah, sei lá, dá pra me entender?
Ele não respondeu. Encarou o irmão, como se refletisse. Isaac sorriu triunfante, achando que o havia vencido com sua argumentação.
- Ike... - Murmurou Taylor de repente. - Você acredita em almas gêmeas?
- Claro que sim. Eu me casei com a minha alma gêmea, somos definitivamente feitos um para o outro.
- Você acha que me casei com a minha? - Perguntou baixinho.
Isaac o encarou.
- Tay, já tivemos essa conversa...
- Não, é sério. Qual é, seria muita hipocrisia achar que só porque casei com a Natalie, ela é minha alma gêmea. Eu a adoro, claro, mas estou cansado de viver minha vida em função dos outros. Casei por causa da mamãe e do papai, depois vieram as crianças, e esse tempo todo eu tenho bancado o marido feliz para não magoá-los. E eu Ike? Não mereço procurar pela minha felicidade? Eu vejo você com a Nikki, o Zac com a Kate, quero isso para mim também. - Desabafou o mais novo. Isaac não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
- Cara, você tem a chance de passar sua vida com uma mulher linda, a Natalie te ama... eu não sei qual é o seu proble...
- Quero passar minha vida com alguém que eu ame. - Interrompeu Taylor, recebendo um olhar de desaprovação do irmão.
- Ok, vai me dizer então que você ama aquela garota? Nem a conhece direito.
- Ike, você não escutou tudo que eu disse? Eu sonho com ela... e olha o tamanho desse mundo, quais são as chances de nos encontrarmos? Sei que preciso estar com ela.
- Não seja burro, vocês se encontraram porque somos uma banda e ela é uma fã. Não há nada de sobrenatural nisso.
- Ok, Isaac. - Disse Taylor, finalmente perdendo a paciência. - Olha, eu só contei pra você porque nós costumávamos conversar sobre isso. Foi com você que conversei quando sonhei com ela pela primeira vez, foi você que me ajudou com a música... o Zac jamais me entenderia, nem o papai, nem a mamãe, mas pensei que você fosse entender. Você sabe como eu me sentia, e o quanto procurei por ela. Desculpe, acho que me enganei.
- Tay, espere... - Falou Isaac, um olhar amargurado aparecendo em seu rosto. - Olha... eu sou seu irmão. Seu irmão mais velho. Você sabe que vou te apoiar sempre, não é? Em todas as escolhas que você fizer.
- É? - Retrucou Taylor, ironicamente. - Estou notando mesmo. Isaac fingiu não ter percebido o tom de voz dele.
- Acontece que não quero ver você sofrer... sei como sua vida tem sido cansativa nos últimos anos, embora você tenha filhos lindos e...
- Não estou reclamando deles. - Interrompeu novamente o mais novo. - São tudo para mim.
- Eu sei disso...- Recomeçou Isaac, impaciente. - O que quero dizer, é... você já tem uma história com a Natalie... a vida é complicada, eu sei, é difícil manter o casamento, mas você já a conhece há tanto tempo... já se acostumou, é algo com que você sabe lidar. Agora essa outra garota... ela não está doente? Você quer mesmo jogar fora tudo o que construiu até agora por alguns meses de felicidade? E depois? Já pensou em quanto sofrimento vai trazer para si?
Taylor não respondeu. Escondeu o rosto nas mãos. A verdade daquelas palavras o esmagava.
- Eu só quero que você seja feliz... nem imagina o quanto. - Continuou Isaac gentilmente. - Ir atrás dessa garota pode ser a ruína de sua vida.
O loiro ergueu o rosto, um novo brilho se destacando em seus olhos.
- Tem razão. - Disse ele. - Mas pode ser a melhor coisa que já me aconteceu. E se eu não tentar, nunca vou saber. Desculpe Ike.
Isaac abriu a boca para responder, alarmado, mas Taylor já disparara pela casa.
- O que você está fazendo? Vai sair a essa hora? - Perguntou o mais velho, seguindo o irmão, que se apossara das chaves do carro .
- Sim, vou dizer a ela que eu a amo. - Falou Taylor feliz, vestindo a jaqueta e correndo porta afora. - Tchau Ike!
- Espera, imbecil, você está saindo com as calças do pijama! - Berrou Isaac, sem obter resposta.

*****


- Você é maluca mesmo, só você para querer ir embora em plena véspera de Natal.
- Não tenho mais tempo a perder, Jess. - Falou Caroline.
- Argh, olha o estado disso aqui. - Reclamou Jéssica, olhando para os sapatos cobertos de neve. - Esse voô vai atrasar umas quinze horas, escreva o que estou dizendo.
- Quer relaxar?
As duas garotas estavam sentadas no aeroporto lotado. A neve caía sem parar, deixando todos ligeiramente desconfortáveis com a perspectiva de voar. Apenas Caroline parecia não ver a hora de ir para casa.
- Vou sentir falta daqui, sabe. - Falou Jéssica, olhando saudosamente à sua volta. - Mesmo com tudo que aconteceu, foram meses bem divertidos.
- É, foram mesmo... por outro lado, estou feliz que esteja acabando. - Disse Caroline distraída, observando sua barriga. Jéssica percebeu.
- E você está decidida sobre a gravidez...?
- Já me perguntou milhares de vezes. - Caroline riu baixinho, sem querer estragar o clima leve. - Eu estou sim.
- Sabe, já dá pra notar um pouco... talvez seus pais percebam.
- Ah, não podem saber. Eu digo que engordei, ou qualquer coisa assim.
- Quem é que ainda engole essa eu não sei... - Comentou Jéssica, com desaprovação.
- Não tem outro jeito.
- Poxa, não acredito que estamos indo embora... essa viagem parece ter feito parte de outra vida... conhecemos o Hanson, e tão de perto... nem dá para acreditar. Quando estávamos vindo para cá eu não imaginava que nada disso aconteceria... não mesmo...
- Pois é... - Caroline sorriu, puxando em seguida uma velha foto plastificada de sua bolsa. - Nunca pensei que isso fosse acontecer também.
- CARAMBA. - Falou Jéssica, olhando a imagem que a amiga segurava. - Vai guardar isso aí pra sempre mesmo né?
- Acho que sim... é desse Taylor que eu quero me lembrar. Dessa época. Em que ele só me trazia alegrias, mesmo de tão longe.
Jéssica não soube o que responder. Abraçou a amiga, correndo os olhos pelo aeroporto.
- Sabe o que seria legal Carol? Se ele aparecesse aqui, agora, correndo, implorando para você voltar. E se declarasse no meio de todo mundo.
Caroline olhou para ela, o rosto vazio de emoções.
- Isso é coisa de filmes, Jess. E de fanfics. Ele já deixou bem claro que não vai haver nada entre nós.
- Só estou dizendo, oras...
- Talvez quando chegarmos você possa escrever uma. - Disse Caroline, em tom de brincadeira - Contando tudo isso que aconteceu. Só mude o final, escreva que no final nós ficamos juntos.
- Você é quem manda. - Falou Jéssica rindo.

*****


Taylor dirigia como um foguete pelas ruas de Tulsa. Sua sorte era que a cidade estava pouco movimentada, ou provavelmente teria se metido em uma dezena de acidentes. Ele nem parecia ver os pedestres que observavam espantados enquanto ele corria como se sua vida dependesse disso. Sequer diminuiu a velocidade quando o celular começou a tocar.
- Oi? - Disse, agarrando o celular, afobado.
- Olá, imbecil.
- Ike, que bom que você ligou. - Falou Taylor com animação. - Como vão indo as coisas?
- Deixe-me ver... são três horas da manhã, estou vestido de papai Noel, Natalie não para de me encher o saco perguntando sobre você, e Ezra não para de puxar minha barba falsa e perguntar se ele irá ganhar o videogame que o tio Zac havia prometido que ganharia. Em outras palavras, uma merda, quer fazer o favor de trazer o seu traseiro de volta para cá?
Taylor riu no telefone.
- Desculpa Ike, não sabia que eles haviam acordado.
- Desculpa não é o suficiente, quer voltar logo? Sua esposa está me deixando maluco, não para de perguntar sobre você e já está ameaçando ir embora de novo com as crianças. Que saco Taylor, olha as situações em que você me coloca, onde é que você está afinal?
- Deixa de ser tão ranzinza. - Respondeu Taylor, sem conseguir esconder sua alegria. - Ike, estou indo até o aeroporto. Vou falar com ela.
- Hein!?
- O aeroporto, Ike. Talvez você deva pedir um aparelho de audição para o papai Noel...
- Eu entendi, palhaço, só não consigo acreditar! Perdeu a cabeça? Como sabe que ela está lá?
- Fui até o hotel, eles me informaram. Sabiam até qual era o voô e o horário, a sorte está ao meu favor.
- É, talvez ela tenha transado com o recepcionista também, para ele saber tanto sobre o que ela está fazendo. - Falou Isaac, de mal humor.
- Cale a boca, Ike. - Disse Taylor simplesmente.
- Por favor Tay, volte para cá... você não pode estar pensando direito, vai cometer uma loucura... prometo que vou te apoiar, mas não desse jeito, não está certo...
- Diga à Nat que eu ligo para ela depois. Até, Ike.
Taylor desligou o celular antes que o irmão pudesse responder, e nem um traço de arrependimento passava pelo seu rosto.

*****


- É a gente, Carol.- Disse Jéssica, ao escutar o voô sendo anunciado. - Até que não demorou muito.
- Tudo bem, vamos lá. - Caroline se levantou lentamente, dando uma boa olhada ao redor. Era difícil admitir, mas deixar o país estava sendo doloroso para ela. Tinha vivido momentos inesquecíveis ali - alguns ruins e outros bons, mas todos muito intensos.
- Até mais, America. - Falou Jéssica, acariciando o banco onde estavam sentadas. Caroline riu da amiga.
- O Brasil está na America também, sabe...
- Ah, cale a boca.
Se dirigiram para a fila do embarque, alheias ao homem que, do outro lado do aeroporto, corria desesperado.
- Senhor, por favor... - Um segurança tentou pará-lo, ao notar a extravagante calça de pijama que ele usava. Juntamente da jaqueta de couro, a variedade de colares e o cabelo desgrenhado, formava uma imagem um tanto quanto peculiar.
- Desculpe, desculpe. - Berrou Taylor, passando pelo segurança sem parar de correr. Todos no aeroporto apinhado de gente olhavam para ele, e alguns até o reconheciam. Se perguntavam se Taylor Hanson finalmente havia enlouquecido.
Ele ouviu a última chamada para o vôo das garotas, e sentiu um alívio absurdo ao vê-las ao longe, na fila. Caroline olhava para os lados a todo momento, como se soubesse que ele estaria indo até ela. "Mas ela não sabe." Pensou ele, correndo desajeitado, a respiração falhando. Elas haviam acabado de passar pelo portão quando ele chegou até a atendente.
- Seu cartão de embarque, por favor. - Disse ela automaticamente, sorrindo para Taylor. Ele fechou a cara.
- Não vou embarcar, só preciso dizer...
- É preciso ter o cartão de embarque, senhor. - Respondeu a mulher, se postando à frente dele, que se esticava para tentar passar.
- Por favor... - Pediu ele aflito. - CAROLINE! - Gritou em seguida, fazendo a atendente desmanchar a expressão gentil e olhar feio para ele.
- Senhor, vou precisar pedir para que...
- Ok, ok! - Berrou ele. Ela arregalou os olhos, enquanto ele voltava correndo por onde viera, escorregando nas barras da sua própria calça de flanela.

*****


Caroline despertou com a amiga a cutucando. Abriu os olhos devagar, notando a movimentação dos passageiros no avião. Os raios de sol absurdamente fortes eram a indicação perfeita de que já estavam no Brasil.
- Chegamos? - Perguntou ela, com voz de sono.
- Sim... - Disse Jéssica, desanimada. - Vamos lá.
As duas deixaram o avião lentamente, olhando a paisagem ao redor. Estavam de volta, finalmente. Era como despertar de um sonho.
- Carol, pega a nossa bagagem, eu vou ver se consigo falar com a sua mãe... - Começou Jéssica, mas parou repentinamente ao ver um rosto muito conhecido da multidão do aeroporto.
- Hãn... Carol...
- Oi?
- Olha ali...
Caroline acompanhou o olhar da amiga.
- O que foi? - Perguntou ela. Jéssica começou a apontar, com urgência.
- Olha ali! Não é o ....
Ela não precisou completar a frase. O rapaz loiro vindo em sua direção era facilmente identificável no meio de tanta gente. O coração de Caroline pareceu parar por um momento.
- Meu Deus! É o Taylor! - Foi só o que a garota pôde falar, pois no momento em que as avistara, ele começara a correr, e agora estava diante dela, ofegante.
- Feliz Natal... - Sussurrou ele abraçando-a com força, e sabendo que se dependesse dele, jamais a soltaria de novo.

"You're my dream girl, and you'll always be that way."

7 comentários:

  1. oii eu to amando a ffic... pq vc naum posta trilha sonora?? nao sei se ja viu... algumas fics tem... é um extra bem legal
    ah e vc tem msn??
    bjss

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  2. Oie! Que bom que você tá gostando... então, eu já vi sim. Mas a verdade é que não tenho a menor habilidade com html e etc, haha. +_+ É por isso inclusive que os capítulos estão todos jogados aí quase sem organização nenhuma XD. Enfim, qualquer dia eu aprendo.
    Bom, eu tenho msn mas praticamente não uso... >_< fico mais no twitter... depois eu vejo se consigo colocar ele ali do lado.

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  3. quase tive um treco quando pensei que ele tinha ido no aeroporto à toa! hahaha
    não creio que ele foi pro Brasil encontrá-la *-*
    mal posso esperar pelo próximo capítulo!

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  4. Aaaah, adorei! Ele foi até o Brasil pra vê-la. Que bom que ele percebeu que ama ela. ansiosa pelo próximo capitulo.

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  5. Oiee, muito boa sua ffic, gostei muito.
    Soh uma pergunta, ela vai ser curta ou ainda vão acontecer muitas coisas? ehehehe
    Bju

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  6. Oi gente, obrigada pelos comentários... vocês são muito fofas.
    Juliana, respondendo sua pergunta... a previsão é de mais quatro capítulos.
    Bjoo!

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  7. nossa! esta perfeitaa a ffic!
    parabééns! você sabe mesmo escrever!
    owwwwwwwnt que fofo ele ter ido atras dela para o brasil!
    não vejo a hora que tenha o 8ª capitulo!

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