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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Capítulo 11






"Are you ready to find the spark inside and let it burn?"



Caroline não estava esperando por uma lua de mel luxuosa. Para ela, agora que havia se casado, não importava onde estaria, contanto que estivesse com Taylor. Por isso, deixou que ele fizesse todos os planos, sem interferir em nada. Ainda assim, a decisão dele a espantou.
- Paris? - Eles haviam acabado de desembarcar. Ela olhou à sua volta, extasiada. - Paris? - Repetiu, incrédula.
- Você não gosta? - Perguntou ele brincando, já sabendo a resposta. O brilho nos olhos dela não enganava. - Eu sei que é bem clichê... mas é a cidade do amor. Acho que não preciso ser muito original nesse ponto, quero fazer tudo direito.
- Fazer tudo direito? - Ela levou para o lado da malícia. Ele se limitou a rir baixo, enquanto acenava para um táxi apanhá-los.
Caroline não conseguia tirar os olhos da paisagem. Estava chovendo um pouco, mas ela se empenhava em desembaçar o vidro do carro, e olhava pela janela como uma criança. A noite se iniciava e a cidade estava iluminada, e mesmo a cortina cinzenta de chuva não a impediu de se maravilhar. Era muito diferente de tudo que conhecia. Taylor, que já estivera ali algumas vezes, não estava tão interessado. Se preocupava em beijá-la no ombro e no pescoço, tentando atrair sua atenção, mas era difícil competir com Paris. O motorista se divertia, observando-os pelo retrovisor. Aquela cena era muito comum para ele.
Por fim, pararam diante do hotel. Caroline tentou não se intimidar com toda a sofisticação do lugar. Taylor havia escolhido um quarto bem no alto, para que pudessem ver bem a cidade. Assim que entraram, ela foi direto para a janela.
- Nossa... - Se deslumbrou.
Taylor deu uma gorjeta ao rapaz que os ajudara com as malas e fechou a porta. Se aproximou dela sorrindo.
- Onde é que vamos hoje? - Perguntou Caroline animada, observando a cidade.
- Ah, Carol... estou tão cansado, você não? Na verdade eu queria ficar um pouco aqui com você... - Ele a abraçou pela cintura, apoiando o queixo no ombro dela.
- Poxa... não vamos sair?
Taylor hesitou por um segundo, mas não aguentou ver o desapontamento no rosto dela. - É claro que vamos. Só vou tomar um banho antes...
- Ah, tudo bem, eu também preciso de um.
- Pode ir antes então. - Disse ele. - A menos que você queira minha companhia. - Deu um sorriso safado.
- Não precisa. - Ela corou, se trancando no banheiro.
Ficou ali um bom tempo; a água quente do chuveiro a ajudava a pensar melhor, assimilar tudo que vinha acontecendo. Nunca estivera tão feliz, nunca. Todos seus problemas pareciam mínimos agora que ela estava ali, em um país distante, somente com Taylor. Como se sua vida de sofrimento tivesse sido deixada para trás.
Quando saiu, o encontrou desfazendo as malas e guardando seus pertences em um armário. Ele pareceu decepcionado em ver que ela já saíra vestida do banheiro, mas não foi menos gentil por isso.
- Você está linda. - Disse sorrindo.
- Você também. - Ela respondeu, sem pensar. Ele riu, arqueando a sobrancelha, e se afastou em busca de uma toalha.
- Pensei em sairmos para jantar... assim podemos dar uma olhada pela cidade mas não voltamos muito tarde, e deixamos para conhecê-la melhor amanhã. O que acha?
- Acho ótimo. - Caroline estava diante do espelho colocando um brinco, e pelo reflexo, notou o notebook de Taylor sobre a cama. - Ei...eu posso usar um pouco?
- Claro que pode.
- Aqui tem internet, né? - Perguntou ela.
- Sei lá, acho que tem. - Taylor riu baixinho, jogando a toalha sobre os ombros e indo para o banheiro. - Internet... ai, esses adolescentes viciados...
Caroline tentou jogar um sapato nele, mas acertou a parede.
Mas ele não estava errado. Agora que ela se distraíra, simplesmente não percebia o tempo passando. Escutou quando Taylor desligou o chuveiro, mas mesmo quando ele voltou para o quarto, trazendo consigo uma onda de vapor perfumado, ela não virou o rosto.
- Ei, Tay... você sabia que estão falando por aí que a gente se casou? - Perguntou ela, que estava concentrada lendo uma pequena nota em um site americano.
- Nós não nos casamos? - Ele se divertiu.
- Ah, mas eu não pensei que todo mundo já soubesse disso...
- Relaxa, nossa relação já é mais que pública. Mas sinto em te dizer que agora você é que está no posto de mulher mais invejada do planeta.
- Que convencido... - Comentou ela, revirando os olhos.
- Carol, qual dessas camisas você prefere?
Ela finalmente olhou para ele, e o que viu fez seu coração bater mais rápido. Ele estava seminu, apenas enrolado em uma toalha, os olhos azuis cintilando em sua direção. Os cabelos ainda estavam pingando, e a água escorria pelo seu corpo perfeito, contornando os músculos definidos e descendo direto para...
- Hein, Carol? - Ele interrompeu seus pensamentos, chacoalhando duas peças de diferentes tons de azul à sua frente. Qual dessas é melhor?
- Eu gosto das duas. - Murmurou ela, desviando rapidamente o rosto, meio sem jeito. Taylor pareceu refletir por um momento. Depois largou as duas camisas sobre a cama e optou por vestir uma outra, xadrez.
- Você está pronta? - Perguntou ele, arrepiando os cabelos com gel. O penteado o deixou com uma aparência de calopsita.
- Estou. - Caroline fechou o notebook e se levantou, sorrindo para ele. Saíram de mãos dadas.
Foi uma noite agradável. Juntos, formavam um casal estranho; não somente porque Taylor tinha quase o dobro da altura de Caroline e era visivelmente mais velho, mas também pelo modo como cada um se portava. Ele era falante; sociável, meio estabanado. Puxava assunto com todo mundo (as vezes chegando a ser inconveniente), gesticulava o tempo inteiro, apontando descaradamente tudo que via de interessante nas ruas. Já ela, era mais retraída. Corava com facilidade e não se importava em deixá-lo responder perguntas inicialmente dirigidas a ela. Entretanto, pareciam ter sido feitos um para o outro. Pois apesar dessas pequenas diferenças, ambos tinham no rosto a mesma expressão de plena felicidade.
Quando voltaram ao hotel, Caroline pulou direto na cama, deitando de bruços. Ainda não era muito tarde, mas ambos pareciam exaustos.
- Eu já volto. - Taylor sorriu e se afastou, saindo do seu campo de visão. Ela fechou os olhos e relaxou, sentindo apenas o toque macio do linho do lençol sob seu corpo, o aroma suave dos travesseiros de pena. Mesmo estando quase entregue ao sono, percebeu quando as luzes diminuíram. Abrindo os olhos, viu o quarto envolto em uma semi-penumbra. Taylor estava em pé ao seu lado, vestindo apenas a calça. Seus olhos faiscavam.
Ele se ajoelhou na cama, puxando-a para beijá-la. Quando as mãos rápidas começaram a abrir o ziper de seu vestido, ela o interrompeu.
- Não...- Murmurou, se afastando para o meio da cama.
- Como assim "não"? - Ele pareceu confuso.
- Eu não... eu... - Caroline gaguejou, sabendo que ele esperava uma explicação. Ficou brava quando ele começou a rir baixinho.
- Não tem graça. - Ela reclamou.
- Desculpe, é que você parece estar um pouco nervosa.
- Eu estou... você pode apagar a luz?
- Não vou conseguir te ver direito. - Disse ele, brincando com uma mecha dos cabelos dela.
- Não quero que veja, eu estou gorda... por favor.
Taylor se levantou, balançando a cabeça.
- Não chame nosso bebê de gordura. - Ele a repreendeu, mas fez o que ela pediu. O quarto ficou na mais completa escuridão. Caroline não conseguia ver mais nada, mas ouviu a cama ranger quando ele voltou para o lado dela.
- Melhor? - Ouviu a voz próxima, mas não teve tempo de responder. Taylor a beijou suavemente nos lábios, curvando-se sobre seu corpo. Sentiu seu vestido deslizar para baixo, enquanto os beijos se tornavam cada vez mais urgentes. Ele a mordia de leve no pescoço, o metal frio de seus colares roçando seu corpo desnudo. Isso a fez estremecer.
- O que foi? - Ele notou, erguendo o rosto.
- Nada... - Murmurou. Ele voltou a beijá-la e ela engoliu em seco, cada músculo de seu corpo se contraindo ao toque dele. Uma claridade fraca entrava pela janela, e ela agora podia distinguir os traços perfeitos do rosto à sua frente, colado no seu. Embora ele a beijasse com delicadeza, seus outros gestos não eram nada sutis; ele a segurava pelos cabelos enquanto a outra mão apertava sua coxa.
- Não, Tay... - Ela protestou, tentando se desvencilhar, mas ele a segurou com firmeza na cama.
- O que é? - Perguntou novamente. Parecia aborrecido.
- Taylor, desculpe... - Caroline percebia a irritação na voz dele.
- Você não estava assim da outra vez.
Ela hesitou antes de responder.
- Eu tinha bebido.
- Por que está tão nervosa? Me fale, talvez eu possa ajudar. - Pediu Taylor, após encará-la por um longo momento.
- Não sei... - Caroline sabia que aquele tipo de reação era ridícula a essa altura. Estavam casados. E ela teria que se acostumar com isso mais cedo ou mais tarde. - Taylor, me desculpa... é que eu te amo tanto... - Confessou ela sem pensar, vendo-se sem saída.
Taylor deu um sorriso leve, baixando os olhos. Se aproximou para beijá-la na testa.
- Apenas confie em mim, ok? Tente relaxar. Eu também amo você. - Lembrou ele. Ela estava disposta a fazer o que ele pedia. Fechou os olhos, respirando fundo. O sentiu entre suas penas, beijando sua barriga, e embora estivesse tentando não se incomodar com isso, seu coração estava dolorosamente acelerado. Um frio percorreu sua espinha quando Taylor começou a morder o interior de sua coxa. Seu peito parecia estar a ponto de explodir.

*****


- Carol?
A voz soava como um eco, parecia vir de um lugar distante. Ao mesmo tempo, alguém a chacoalhava gentilmente.
- Caroline?
Ela se irritou. Estava bom ali, por que não a deixavam em paz?
- Caroline, acorda! - Ordenou a voz, cutucando-a já sem tanta cautela. Ela abriu os olhos. O rosto de Taylor estava vários centímetros acima do seu, emoldurado pela repentina claridade do quarto.
- O que foi? - Murmurou ela, confusa, enquanto, aos poucos, a expressão dele entrava em foco. Não era das melhores.
- Você dormiu! - Ele exclamou, indignado. - Eu não acredito nisso, sou tão ruim assim?
- Do que está falando?
- Sabe, eu sei que a viagem foi cansativa, mas você podia ter me avisado que estava com sono né? Mas não, espera eu começar e...
- Taylor, para! - Ela o interrompeu, sem entender porque ele estava tão zangado. - Eu não dormi, por que está dizendo isso?
- Nem tenta Caroline, eu olhei pra cima e você estava aí desmaiada. Bem que eu tinha estranhado o fato de você ter parado de se debater, mas pensei que estivesse apenas curtindo o momento.
Caroline baixou os olhos, chateada, apenas para descobrir que estava completamente nua. Ela corou, puxando rapidamente o lençol para se cobrir. Não se lembrava de ter se livrado de todas as peças.
- É, acho que você já tinha apagado quando isso aconteceu. - Disse Taylor, praticamente lendo sua mente. Ele a observava, de cara fechada.
- Tay... - Não sabia o que dizer; nem ao menos compreendia o motivo daquilo ter acontecido.
- Esquece. - Ele a cortou, se deitando e virando as costas a ela.
- Taylor, eu não sei o que...
- Pode apagar a luz, por favor? - Ele pediu educadamente. Caroline suspirou, se levantando para fazer o que ele pedia. Quando voltou para a cama, se deitou virada para ele, mas Taylor não parecia querer conversar.
- Tay... - Ela fez uma última tentativa.
- É melhor você dormir também. - Ele a interrompeu. - Amanhã vamos ter um dia agitado. Boa noite. - Sua voz estava normal, mas Caroline sabia que ele continuava chateado. Ficou um longo tempo observando-o. As luzes parisienses entravam pela janela e iluminavam seus ombros desnudos, refletiam nos cabelos loiros. Doía admitir para si mesma o quanto o amava. Sentiu vontade de abraçá-lo, mas temia um acesso de raiva da parte de Taylor, uma vez que ele não estava de muito bom humor. Por fim, pegou no sono, esperando sonhar com uma explicação milagrosa que o fizesse perdoá-la.
Taylor demorou a dormir, embora estivesse completamente imóvel. Ficara ali vários minutos, apenas desejando que ela o abraçasse, esperando sentir seus braços o envolvendo. Mas ela não o fez.

*****



- Então, qual delas?
- Essa de madeira é irada. Vamos levar essa.
- Eu gosto mais da branca. Você não acha que a branca é muito mais bonita? - Perguntou a garota, se voltando à vendedora, que deu de ombros. Não queria interferir na decisão.
- Então por que pediu minha opinião? - Zac estava zangado.
Jéssica revirou os olhos.
- Você é muito mal humorado. Vamos levar a branca. - Decidiu. Zac bufou, se afastando.
Depois que eu me casei também foi difícil comprar os móveis da casa nova. - Confidenciou a vendedora à Jéssica. - Meu marido não concordava com nada.
- Não somos casados. - Explicou a menina, fazendo cara de nojo. Ele é cunhado da minha melhor amiga, estamos escolhendo alguns móveis para fazer uma surpresa.
Zac se aproximou, olhando feio para a pequena estante recém comprada. Vendo as duas de conversinha, saiu depressa dali, decidido a pagar pelo móvel e sair dali o mais rápido possível. A vendedora ficou olhando para ele.
- Acho que já o vi em algum lugar... vocês moram por aqui?
- Em Tulsa. - Disse Jéssica. - Você deve tê-lo visto no noticiário... foi preso algumas vezes por porte de drogas. - Acrescentou, vendo que a mulher continuava a observá-lo com interesse.
Saíram da loja para as movimentadas ruas de Nova York. Haviam alugado um carro, que Zac queria devolver naquele momento. Jéssica protestou, lembrando-o que ainda precisavam buscar algumas encomendas.
- Falta só o carpete para a sala. Que saco Zachary, você está de tpm?
- Esse carpete é em Manhattan. - Reclamou ele. - Você sabe que não estou afim de dirigir, dirija você.
- Já disse que não posso, não tenho carteira. - Jéssica achou que já tinha explicado isso a ele quinze vezes naquele dia. - Anda logo, quando mais cedo formos, mais cedo podemos voltar para casa.
- Para minha casa, você quer dizer. - Corrigiu Zac. - Que eu saiba, você ainda mora no Brasil.
Ela o fulminou com os olhos, indignada com a estupidez. Ele pareceu se arrepender de ter falado aquilo; desviou os olhos, corando.
A meio caminho de Manhattan, Zac arriscou olhar para ela. Até então havia sido uma viagem silenciosa. Até demais.
- Desculpe. - Disse ele baixinho. Ela fingiu não ouvir. Ou talvez, não tivesse ouvido mesmo.
- Jéssica?
- O que é?
- Me desculpe. Não devia ter dito aquelas coisas.
Jéssica deu de ombros, voltando a olhar pela janela.
- Hein, Jéssica?
- Que, Zac?
- Você me desculpa?
Ela bufou.
- As coisas não são assim, ok? Você não pode ficar fazendo merda e pedir desculpas como se isso consertasse alguma coisa.
- Eu só...
- Sabe, se você não me quer por perto, não fale comigo. Eu estou na cidade para ajudar meus amigos, mas não preciso da sua caridade. Não se preocupe, posso pagar um hotel.
Zac ficou em silêncio, apenas olhando para a estrada. Não estava muito movimentada.
- Jéssica, eu falei sem pensar, não quis te magoar. Só estou em um dia ruim...
- Não me diga, a mulher da loja ficou até espantada com você. Acho que nunca tinha atendido alguém tão insuportável. - Ela foi dura em suas palavras. Zac não gostou.
- Eu lá estou ligando para a mulher da loja?
- Deveria, educação as vezes é legal, sabe.
- Eu sei, meus pais já me ensinaram isso, não se incomode.
- Ensinaram? - Jéssica parecia ironicamente surpresa. - Não fizeram isso muito bem, não é?
- O que quer dizer com isso? - Perguntou ele, olhando feio para ela.
- Bom, só sei que seus pais tiveram muitos filhos para criar, talvez não tenham te dado atenção o suficiente. Por isso você cresceu grosso desse jeito.
- Não coloque meus pais na história. - Zac apertou o volante. Estava voltando a ficar irritado de verdade.
- Não pense que os estou ofendendo, tenho pena deles.
- Que bosta, eu já pedi desculpas. O que mais posso fazer?
- Não sei, talvez ser um pouco mais gentil quando alguém te chamar para escolher mobília.
- Talvez a próxima pessoa que me chamar me deixe realmente escolher, não fique somente dando ordens e ignorando minhas opiniões.
- Eu não ignorei nada. - Jéssica riu sem vontade.
- Se não tivesse ignorado não teria trazido essa droga de estante branca, conheço o meu irmão, ele vai odiar isso.
- Não confio no seu bom gosto. Muito menos no dele.
- Nem eu, afinal, ele casou com a Caroline, não é?
Jéssica olhou com raiva para Zac, que mais uma vez, havia ido longe demais.
- Você é um imbecil mesmo! Seu idiota!
- Toquei na ferida, é? - Perguntou ele com um sorriso. Não sabia porque estava dizendo aquelas coisas; nem mesmo concordava com o que estava dizendo. Mas naquele momento, só queria atingir a garota. - Pois é, o Taylor tem um gosto duvidoso mesmo... mas não podemos culpá-lo, provavelmente ela usou da gravidez para prendê-lo, como sempre acontece.
- CALA A BOCA, ZACHARY.
- Por que? - Ele agora gritava também. - Você pode ofender minha família inteira e eu não? Pode me julgar o quanto quiser e eu não?
- Mas que imbecil... - Jéssica puxou os próprios cabelos, descontrolada.
- E como se não bastasse ela, agora é você dando mole pro Isaac.
Um sonoro tapa o atingiu no rosto. Sua primeira reação foi o susto. A dor veio logo depois.
- Nunca mais... toque em mim. - Disse, trêmulo. Estava se controlando muito para não revidar.
- Então nunca mais diga essas coisas!
- Falei alguma mentira?
Jéssica ia bater nele de novo, mas Zac segurou seu braço. Com apenas uma mão no volante, tentava manter a garota afastada dele e o carro no rumo certo.
- Me larga, seu verme, nojento!
Sentindo-se insultado, Zac olhou para ela, e esse foi seu maior erro. Foi tudo muito rápido. Em um segundo estava ali, jogando ofensas na cara dela, e no outro, sentiu seu corpo rodar no ar, uma dor insuportável, e o grito de Jéssica em seus ouvidos. Por fim, parou; tudo ficou estático. A primeira coisa que Zac percebeu foi que o mundo estava de cabeça para baixo. A segunda, foi o cheiro ferroso de sangue cada vez mais forte.
- ZAC?
Ele tentou se virar, mas suas pernas estavam presas em algum lugar. Da posição em que estava, podia ver apenas os cabelos loiros da menina balançando. Ela continuava a gritar, mas não com ele; para ele.
- ZAC? VOCÊ ESTÁ BEM?
"Estou", ele tentou responder, mas se deu conta de que sua voz não saía. Uma dor lancinante na sua cabeça o impedia de falar. A última coisa que viu foram vários pares de pernas se aproximando. Depois, apenas a escuridão.


*****


Caroline despertou na manhã seguinte com um toque suave em seus cabelos, e o cheiro de pão fresco invadindo o quarto.
- Bom dia. - Disse a voz cristalina de Taylor. Ela abriu os olhos, e aos poucos, as memórias da noite anterior retornaram.
- Tay...
- Café da manhã na cama para minha esposinha. - Ele a beijou na testa, pousando uma bandeja sobre o colo da garota. Parecia animado.
- Obrigada... - Caroline sorriu, pensando no que acontecera, temendo tocar no assunto e quebrar o clima leve. Porém, mais uma vez, Taylor parecia ter lido sua mente.
- Queria me desculpar por ontem... acho que eu exagerei. Não vou me incomodar mais com isso, entendo que você precise de um tempo para se acostumar com o fato de eu ser o seu marido. - Disse, convencido.
- É... muito obrigada. - Ela riu, aliviada. - Então, qual é o plano para hoje?
- Não vou dizer, é surpresa. - Taylor deu uma piscadela, roubando um croissant da bandeja e se levantando. Ela o observou, desconfiada.
- Você não tem a menor ideia, não é?
- Não. - Ele admitiu, sorrindo. - Mas a gente descobre.
Após o café, decidiram dar uma volta a pé pela cidade. Aproveitaram o tempo fresco para conhecer grande parte das ruas. Foi divertido até mesmo para Taylor, afinal, sempre havia algo de interessante em Paris. Por volta do meio dia, quando uma chuva fina começou a cair, se abrigaram em um restaurante; até aquele momento, Caroline não havia percebido o quanto estava faminta.
- Com fome? - Taylor a conduziu até uma mesa diante da janela, de onde podiam observar o movimento lá fora e a chuva que apertava cada vez mais.
- Morrendo de fome. - Ela se sentou sorrindo, no instante em que seu celular deu dois toques e parou.
- Não vai ver quem era?
- Era a Jéssica, esse é nosso código. Depois eu ligo pra ela.
Ele se acomodou também, dando uma olhada rápida no cardápio. Depois de fazer os pedidos para ambos, trouxe o assunto de volta à tona.
- Código, é?
- Sim, a gente faz isso desde sempre. Quando eu estava em casa e não queria atender o telefone para mais ninguém, ela dava apenas dois toques, para se identificar.
- Suas esquisitinhas... - Taylor olhava pela janela, parecendo estar meio desatento. - Ela anda bem grudada com o Isaac nos últimos tempos, né?
- Você acha? - Caroline desviou o olhar.
- Acho sim... no casamento, especialmente, você acha que ela pode estar...
- Isso é coisa da sua cabeça. - Ela ajeitou a barra do vestido, nervosa, e tentou chamar a atenção dele para outra coisa. - Ih, olha lá... lá vem a comida.
Funcionou. Taylor olhou para o garçom que se aproximava, parecendo faminto.
Ótimo.

Quando a chuva finalmente passou, saíram do restaurante. Caroline sentia-se como se fosse explodir; não sabia por qual motivo achou que passaria fome na França.
- Onde você quer ir? - Perguntou Taylor, analisando uma série de folhetos sobre as diversas atrações da cidade.
- Que tal naquele banco ali? - Ela capengou até uma pequena praça, completamente lotada.
- Que? Estavamos parados até agora.
Sem dar ouvidos a ele, Caroline se sentou, respirando fundo. Pousou as mãos sobre a barriga, que imediatamente começou a se mexer. Ela não tinha certeza se era o bebê ou o almoço exagerado.
- Você está bem? - Taylor sentou ao seu lado.
- Sim, só um pouco cansada... a gente andou muito hoje. - Ela observou o rosto preocupado dele, e deu um sorrisinho.- Estou carregando mais peso que você, sabia?
- Ahhh sim. - Ele pousou a mão sobre a dela, acariciando-a com o polegar. - Sinto muito por isso, mas você sabe que se dependesse de mim eu faria isso... eu ficaria grávido no seu lugar, se pudesse.
- Nossa.... isso foi... - Caroline arregalou os olhos, tentando encontrar as palavras certas. - Bizarro. E nem um pouco bonitinho.
Taylor riu baixo, e se aproximou para beijá-la, mas o celular da garota deu dois toques novamente nesse momento. Ele se afastou resmungando.
- Desculpe.- Disse ela, procurando o telefone dentro da bolsa e o desligando, sem ao menos olhar para o visor. - Não sei porque ela está me ligando tanto, deve estar querendo saber como está nossa lua de mel.
- Talvez ela esteja querendo participar.
- Ew, Taylor...
- Ei! - Ele olhou em volta, parecendo reconhecer onde estavam. - Acho que estamos perto do museu do Louvre. Ah, eu disse, olha aí. Quer ir até lá? - Perguntou animado, apontando a enorme construção.
- Claro.

A tarde se arrastou. O lugar era tudo que falavam e mais, entretanto, Taylor não era exatamente o melhor guia do mundo. Metido à estudioso de artes, parava diante de todas as obras conhecidas e se envolvia em longos discursos sobre elas. Pareciam intermináveis. Caroline fez muito esforço para não dormir em pé. Nem acreditou quando finalmente voltaram ao hotel, e ao menos por um segundo, Taylor havia se calado.
- O que vamos fazer a noite? - Ele perguntou, tirando os sapatos e os jogando para longe. Ao contrário dela, ele não parecia estar sequer remotamente cansado.
- Eu não sei...
- Podemos ver a torre, você quer?
- Han... o quanto você entende de arquitetura? - Perguntou ela, cautelosa.
- Não muito. - Disse ele, frustrado. - Adoro o assunto, mas nunca tive a chance de me aprofundar.
- Ótimo, então vamos. - Concordou, aliviada.


Pegaram um táxi, empolgados, mas quando Caroline viu a pequena fila que se formava para subir na torre, ficou com preguiça. Taylor parecia compartilhar do mesmo sentimento, mas olhava para ela na expectativa, decidido a fazer o que ela quisesse.
- Ah... Tay, você se importa de ficar aqui em baixo? Acho que é bonito do mesmo jeito.
- De jeito nenhum. Daqui a pouco a torre acende, você vai ver... é bem legal.
Ele a abraçou e ambos ficaram lado a lado, aguardando o início da noite. Mas o tédio chegou mais depressa.
- Estou com fome... - Disse Caroline baixinho.
- Mas já?
- Não sou eu, é ele. - Ela deu-lhe a língua, apontando a barriga. Taylor arregalou os olhos.
- Ou ela. - Completou a garota depressa.
- Ele? Você acha que é um menino?
- Eu não sei...
- Diga, o que você acha?
Ela o observou por um momento.
- O que você quer que seja?
- Ah Carol... eu ia adorar ter outra filha, mas se for menino, perfeito. Aliás, seria mais um motivo para tentarmos ter uma garota depois dele.
- Como é?
- Outros filhos. - Disse ele sorrindo, sem se importar com a expressão de assombro da garota. - Nossa família vai ser bem grande também.
- Tay...
Ele riu baixinho, beijando-a na testa.
- Vou buscar um sanduíche ali, qual você quer?
- Deixa que eu vou. Aqui, fique com a minha bolsa. - Caroline pegou apenas o dinheiro e se afastou depressa, sua mente à mil.
Taylor ficou parado observando-a se afastar. Sorria de leve. Sabia que havia colocado muita pressão ao dizer aquilo, mas não se arrependia. No fundo, gostaria que Caroline aprendesse a ser otimista como ele. Com certeza faria bem a ela. Distraído, percebeu tardiamente que o celular dentro da bolsa que carregava havia dado dois toques e parado.
- Jéssica... - Murmurou ele.
Mas o telefone tocou novamente. Dessa vez Taylor atendeu antes que ele parasse, mas estranhou ao ver o nome de Zac no visor, ao invés de Jéssica.
- Zac?
- Carol? - Gritou a voz desesperada de Jéssica no celular. Ambos se calaram por um segundo.
- Taylor?
- Jéssica? - Por que está ligando do celular do meu irmão?
- Por que você está atendendo o celular da Caroline? - Perguntou ela, zangada. - Chame ela!
- Uau, é muito bom falar com você também...- Taylor deu uma risada indignada. - Eu vou muito bem, obrigado por perguntar...
- Chame ela agora Taylor, não estou brincando! - Ordenou Jéssica.
- Nossa, que estresse hein? O que foi, o Ike não está aí?
Jéssica xingou em português e desligou na cara dele. Taylor balançou a cabeça e guardou o celular no momento em que Caroline voltava com dois sanduíches.
- Com quem estava falando?
- Zac. - Mentiu ele prontamente. Não havia motivos para preocupar sua esposa com a grosseria inexplicada da amiga. - Queria saber como estávamos indo de lua de mel.
- Ah, que meigo da parte dele. Ele não está querendo participar não, né?
Taylor teve que engolir essa calado.



Naquela noite, no hotel, ele já havia se esquecido do telefonema de Jéssica no meio da tarde. Estava mais preocupado com Caroline; precisava deixá-la mais relaxada dessa vez. Havia elaborado um plano não muito sofisticado, que envolvia chá de camomila e música clássica. Foi tomar banho, deixando-a no quarto sozinha para se acostumar com a ideia.
Caroline sabia o que ele pretendia. Essa teria de ser "a" noite. E agora seu nervosismo retornava.
- Você é ridícula... Murmurou para si mesma.
Seu celular tocou novamente. Ela ficou feliz. Sabia que era Jéssica, e tudo que queria naquele momento era pedir uns conselhos à amiga, mais experiente. Mas, como Taylor, não entendeu ao ver o número de Zac no celular.
- Zac?
- Caroline... ainda bem.
- Jéssica? Por que você está ligando do número do Zac? - Ela fez a mesma pergunta que Taylor havia feito.
- Eu preciso muito falar com você.... te liguei o dia inteiro, mas o idiota do Taylor não quis te chamar.
- É mesmo?
Caroline olhou para a porta do banheiro, de onde vinha somente o som do chuveiro. Não sabia por que motivos ele faria aquilo.
- Carol?
- Estou aqui.
- Escuta, eu preciso te contar uma coisa. - Jéssica parecia cansada. Muito diferente da sua habitual alegria. - Isaac pediu para eu não ligar pra vocês, mas eu acho que precisava falar... ao menos pra você, eu não sei o que fazer, você é que é a sensata...
- O que aconteceu, Jess? - Caroline sentou na cama, preocupada.
- Você não pode contar pro Taylor, tá bom? - A voz da menina estava abafada, como se ela estivesse se segurando para não chorar. - Por favor, nós não queremos atrapalhar a sua...
- Jéssica, fala! - Pediu Caroline, aflita.
- É o Zac! - Soluçou ela. - Ele... ele... - As lágrimas vieram de uma vez, impedindo-a de terminar a frase.

*****


Quando Taylor saiu do banheiro, encontrou Caroline sentada, de olhos arregalados. Brincava distraidamente com o celular, jogando-o de uma mão para outra.
Ele percebeu na hora que algo não estava bem. Se aproximou, enrugando a testa.
- Amor, o que aconteceu? Com quem estava falando? - Perguntou, sentando ao lado de Caroline.
- Por que acha que aconteceu algo? - Indagou ela na defensiva.
- Seu rosto está branco. Pode dizer, o que foi?
Ela olhou para o celular em suas mãos, pensando no que falar. Não queria ser a pessoa a dar a Taylor aquela notícia, e Jéssica também pedira para não contar a ele. Mas ela precisava dizer. Precisava. Era sua obrigação.
- Carol...? - Ele começava a se preocupar. Via a tensão no rosto dela, e sabia que ela estava se perguntando se deveria dividir com ele, o que quer que fosse.
- Você precisa me falar. - Pressionou, tentando ajudá-la com a decisão. - Por favor.
Caroline olhou para ele. Magoá-lo era a última coisa que queria fazer. Infelizmente, era necessário.
- Precisamos voltar... agora.... - Disse, se levantando. Não conseguiu olhar nos olhos dele.


"When you freak out there's a road sign; welcome to breaktown"

9 comentários:

  1. AAAAAAAAAH! ZAC MORREU??????????? CÊ NÃO PODE TERMINAR O CAPÍTULO ASSIM HAHAHAHAHA

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  2. nossa q tensooooo fiquei nervosa agora... serio q ele morreu?? posta mais!!!
    mais adorei o capitulo achei um dos mais legais. a jessica é minha preferida. bjss

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  3. ai q tenso(2)...
    muito bom...esta história é d+,adooooroooo...posta +,por favooorrrr!!
    bela

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  4. Hahahah desculpa gente... mas prometo que vou postar o próximo logo (dessa vez é sério xD) ele tá quase pronto.
    E muito obrigada pelos comentários, sério. Se algum dia eu fizer outra fic vai ter algum canto decente pra eu agradecer por eles direito sempre. hahah blog bagunçado é um problema u.u

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  5. genteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee estou muito ansiosa para o próximo!!! Que sacanagem terminar o capitulo assim!!!

    Bom espero que não demore pra postar!
    Beijos e parabens!

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  6. poxa!!! q coisa!! ele não morreu não,né??? não pode!!! rsrsrsrsrs
    adoro mesmo sua história!!!!

    ah! e Carol desmaiando bem naquele momento... fala sério! aiiii q raiva! rsrsrs

    beijos

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  7. Gente ELE MORREU!?!?!?!?
    P.S. Adoro sua fic

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  8. aaah meu Deus to locaa! oq aconteceu com o zac?
    tudo bem que ele foi super estúpido mas tadinho =/
    agora fiquei super anciosa pelo próximo capítulo!
    ps. como assim carol? como vc consegue dormir com TH te agarrando? hahahahah

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  9. Bem, demorei muito a vir comentar, mas sabe quando você lê o final do cap e fica aturdida. Pelo amor de Deus, quanto coisa nesse cap. Primeiro, vou te contar hein, hora terrível pra acontecer um desmaio. Justo na hora H. Não dá, hein. Vem cá Tay, que eu aceito numa boa te compensar por essa falha da Carol.

    Segundo, eu tenho uma teoria sobre o que aconteceu com o Zac, mas... não vou dizer lelo lelo. Mas digo, mesmo assim estou apreensiva.

    ótimo capítulo, escrita excelente e história envolvente. Amo muito lê-la. Beijo!

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